Abandonar o sedentarismo é uma das decisões mais importantes para quem quer conquistar qualidade de vida. A lista de ganhos é grande: maior disposição, mais força e equilíbrio, controle do peso corporal, melhora da capacidade funcional e da qualidade do sono. E, claro, prevenir de doenças, inclusive vários tipos de câncer.
Diversos estudos recentes têm mostrado os efeitos benéficos da prática de atividade física na prevenção de tumores. Os mecanismos envolvidos nesse processo incluem a diminuição dos níveis de espécies reativas de oxigênio (elevando, assim, os níveis antioxidantes), o aumento da função imunológica, a queda dos níveis de inflamação e a melhora da sensibilidade à insulina. Mesmo a atividade física moderada estimula a expressão de enzimas antioxidantes, protetoras contra danos ao DNA das células.
A prática rotineira de exercícios físicos tem uma ação protetiva contra os três principais tumores malignos mais incidentes na população brasileira: mama, próstata e colorretal.
Estima-se que quase 30% de todos os tumores de cólon e reto podem ser evitados se for adotada uma alimentação saudável, sem o consumo de bebidas alcoólicas e com o abandono do sedentarismo. No Brasil, este é o terceiro tipo de neoplasia maligna mais incidente na população, segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer). São, aproximadamente, 40 mil novos casos diagnosticados por ano, entre homens e mulheres, com estimativa de que, até 2030, esse número possa triplicar. Por isso, entender a atuação de fatores de prevenção e proteção é importante para tentar reverter esta tendência.
Uma meta-análise de 52 pesquisas realizadas entre 1984 e 2008, que incluiu 24 estudos de caso-controle e 28 estudos de coorte, demonstrou que a atividade física reduziu em 24% o risco de câncer de cólon e reto em homens e mulheres. Resultados semelhantes foram observados em uma meta-análise de 174 estudos, que incluiu 19 pesquisas envolvendo câncer colorretal, que mostraram que o aumento dos níveis de exercícios foi associado a uma diminuição do risco de desenvolver a doença.
Já outra revisão de 62 estudos, anteriores a setembro de 2007, avaliou a associação entre a atividade e o risco de câncer de mama, bem como seu efeito em diferentes subgrupos populacionais. A análise aponta uma redução média de 25% a 30% do risco com aumento da prática de exercícios. Interessante observar que os efeitos foram encontrados tanto na atividade recreativa e na atividade vigorosa, entre mulheres na pós-menopausa, mulheres com índice de massa corporal normal.
Os dados sobre a relação entre atividade física e o desenvolvimento de câncer de próstata merecem uma análise mais detalhada, mas indicam, também, o benefício global para a saúde do homem. Uma revisão de 83 análises relatou sete estudos que mostraram um aumento na incidência de câncer de próstata com a prática de atividades, 31 estudos sem relação clara, 24 estudos com uma tendência de diminuição do risco e 21 estudos com uma redução de risco significativo de até 30%.
Um dos estudos mais importantes neste sentido é o Health Professionals Followup Study, que acompanhou 47.620 profissionais de saúde do sexo masculino dos Estados Unidos, por 14 anos. Esta pesquisa mostrou que homens com mais de 65 anos de idade que se submeteram à categoria mais alta de atividade vigorosa tiveram um risco menor de desenvolver câncer de próstata avançado.
Exercitar-se é uma necessidade. Tenha consciência das suas possibilidades individuais na escolha do tipo de exercício ou esporte que vai praticar. Descubra qual atividade pode ser mais prazerosa para você. Fazer uma simples caminhada, andar de bicicleta, dançar ou nadar contribuirá para a proteção contra o câncer e outras doenças graves.