Arruma a mochila, monta o roteiro, compra as passagens e”¦ separa o kit de máscara e álcool em gel. A dinâmica de viajar nos últimos anos ganhou novas etapas e, entre as essenciais, está a busca por meios de se proteger contra uma contaminação por Covid-19.
Com o “afrouxa-aperta” das medidas de isolamento e surgimento de novas variantes, viajantes vêm encontrando formas de seguir com seus planos sem correr tantos riscos.
Os planos de viagens tomaram ainda mais força nos últimos meses, principalmente pelo desejo de compensar o período de maior isolamento social. É o que diz um levantamento promovido pela Booking.com com mais de 24.000 viajantes de 31 países entre eles o Brasil.
No documento, 57% dos entrevistados dizem que ficarão felizes simplesmente por estar longe de casa, independentemente do destino.
Mesmo com tanto otimismo, a disseminação da variante ômicron ainda preocupa, principalmente pela alta transmissibilidade do vírus. O aumento nas taxas de vacinação, porém, exerce um papel muito relevante para diminuir o risco por aqueles que se infectam de evoluir para complicações de formas graves.
De acordo com o médico e presidente do departamento de infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, Marco Aurélio Sáfadi, a vacina é, inquestionavelmente, o principal método de diminuição dos riscos de contaminação, principalmente em pessoas que irão se expor em ônibus e aviões, ou seja, em ambientes com pouca possibilidade de outras ações que minimizem riscos, como o distanciamento social.
“É essencial estar adequadamente vacinado. Nesse momento com a ômicron, a gente viu que ficou muito importante a terceira dose. A gente tem que parar de ficar discutindo estratégias que já estão enterradas em termos de efetividade e concentrar naquilo que de fato pode ajudar a nossa população”, recomenda.
Nesse momento, a melhor opção para viajar ainda é ao estilo Chapeuzinho Vermelho: pela estrada afora, bem sozinha. “A sugestão que a gente faz para minimizar os riscos nesse momento ainda é viajar no seu próprio veículo”, observa Sáfadi.
Destinos no próprio estado ou regiões próximas se tornaram opções, e isso mesmo para que não tem o tal veículo. –viajantes têm buscado aluguéis de carros mirando um trajeto com menos riscos sanitários. Segundo a Abla (Associação Brasileira de Locadores de Imóveis), R$7,8 bilhões do faturamento do mercado de locação de veículos em 2020 correspondem ao aluguel de carros para pessoa física.
Nos últimos meses de 2021, também de acordo com a Associação, empresas como Localiza, Unidas e Movida relataram ter superado os números pré-pandemia, e ocuparam 80% da frota disponível.
Consciência coletiva
Com uma rotina dividida entre a família em Sobral e os estudos em Fortaleza, a cearense Lídia Ribeiro, 24, utiliza o ônibus para fazer esse trajeto. Na tentativa de minimizar as possibilidades de contaminação, ela busca aliar diversas formas de prevenção.
Além da boa máscara e de já estar com o esquema vacinal completo, ela ainda procura rotas fora de datas e horários de maior movimentação.
“Quando eu viajo de segunda a quinta, ou sexta de manhã, o veículo sempre está vago, nem metade dos assentos ficam ocupados. Já sair na sexta à noite ou no fim de semana é quase garantia de pegar um ônibus com todos os assentos ocupados”, compara.
Os métodos de prevenção adotados por Lídia são os mesmos indicados por especialistas. “Quem usa transporte coletivo para viajar deve se valer de máscaras eficientes que cubram nariz e boca e se ajustem bem à face”, ensina Sáfadi.
“As melhores são as que chamamos de PFF2 ou N95, mas temos as cirúrgicas, que também se ajustam bem à face, e também são mais eficientes do que as máscaras de tecido, que ajudam, mas para essa variante têm menor eficiência.”
É preciso que passageiros e tripulação se valham do senso de coletividade. Em seus deslocamentos, Lídia não vê esse tipo de cuidado. “A maioria usa máscaras de pano, e nem usam direito. Sempre tem gente com nariz de fora, gente que tira para dormir, para falar ao telefone, ou conversar com outros passageiros.”
Nos aviões, é bom estar bem alimentado para evitar comer durante a viagem, por exemplo, dispor de máscaras extras na bagagem de mão e manter álcool em gel sempre consigo.
“Evite tirar a máscara para beber e comer, principalmente se for uma viagem curta. Cada vez que você tira a máscara, você está aumentando o risco de se contagiar”, orienta Marco Aurélio Sáfadi.
“Além disso, [manter] as medidas básicas de higiene, como ter um tubinho de álcool em gel, pois nem todos os locais em que irá passar na viagem podem ter um banheiro ou lugar para lavar as mãos. E evitar colocar a mão na boca antes de higienizá-las.”
Tais cuidados dos passageiros beneficiam os demais viajantes e também os trabalhadores da área. São diversas as situações difíceis enfrentadas por tripulações em voos nos últimos anos: gente que embarca com sintomas gripais, que se recusa a usar a máscara corretamente, que burla regras de serviço de bordo etc.
Um comissário que atua há 12 anos na área e preferiu não se identificar diz que a tripulação toma os cuidados necessários, mas que não cabe a ela barrar embarque de pessoas com sintomas, ou questionar se o passageiro que pediu para se alimentar tem de fato algum problema de saúde que o obrigue a comer naquele exato momento.
Se recusar a seguir as normas sanitárias oferece não somente um risco à saúde coletiva, como também pode promover um transtorno. Caso não cumpra os protocolos, o passageiro pode ser retirado da aeronave pela Polícia Federal.
No avião, ônibus ou carro, veja como se proteger da Covid-19
'A sugestão é viajar no seu próprio veículo', diz o médico Marco Aurélio Sáfadi
By Guilherme Ovídio5 Mins Read