O IGP-M (Índice Geral de Preços Mercado), indicador conhecido como a inflação dos contratos de locação, voltou a acelerar em janeiro e variou 1,82% no mês. Com esse resultado, o índice vai a 16,91% no período de 12 meses, informou na sexta-feira (28) a Fundação Getúlio Vargas.
O resultado mensal ficou acima do registrado em dezembro, quando subiu 0,87%. Apesar da variação maior do primeiro mês do ano, o resultado acumulado ainda está em desaceleração. Em janeiro de 2021, o IGP-M acumulava alta de 25,71% em 12 meses.
Analistas consultados pela agência Bloomberg esperavam um avanço de 1,98% no mês, levando o índice a 17,12% para o período de um ano.
Segundo o Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV, o resultado em janeiro foi influenciado principalmente pelo espalhamento da inflação de preços no atacado, medida pelo IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo), que responde por 60% da composição do IGP-M.
O IGP-M também é composto pelo IPC (Índice de Preços ao Consumidor) e pelo INCC (Índice Nacional de Custo da Construção). O primeiro monitora o efeito da variação de produtos e serviços e para os consumidores e é similar ao IPCA, a inflação oficial calculado pelo IBGE.
O IPC variou 0,42% em janeiro, menos do que os 0,84% registrados em dezembro. No acumulado em 12 meses, está em 9,33%. A redução nos preços de combustíveis foi um dos principais pesos para a variação menor, com destaque para a gasolina, que saiu de uma alta de 2,24%, em dezembro, para uma queda de 1,62% no primeiro mês do ano.
As principais despesas a puxar o índice do consumidor para cima foram aquelas típicas do período, como curso de ensino superior (alta de 4,22%) e de ensino médio (4,65%).
No INCC, os três principais grupos de despesas registrara, em janeiro, variações maiores do que em dezembro. Os materiais e equipamentos avançaram 1,05%, os serviços, 1,28%, e a mão de obra subiu 0,14%. Em 12 meses, o INCC está em 13,70%.
COMO NEGOCIAR O ALUGUEL
A recomendação de corretores de imóveis, economistas e agentes do mercado imobiliário é que os inquilinos sempre tentem negociar ajustes mais razoáveis.
Desde meados de 2020, quando o IGP-M entrou em aceleração, administradores de imóveis começaram a oferecer aos proprietários a possibilidade de usar o IPCA, como indexador dos contratos. Passaram também a incentivar as negociações de outros índices.A composição do IGP-M também passou a ser questionada, pois os maiores pesos no cálculo do índice não têm relação com o mercado imobiliário ou mesmo com a construção civil.
No início deste ano, a FGV lançou um novo indicador com potencial de substituir o IGP-M ou de, ao menos, oferecer ao mercado um índice calculado a partir das negociações de contratos.
Batizado de Ivar (Índice de Variação de Aluguéis Residenciais), ele avalia dados de quatro capitais no país -São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre- e mede evolução dos preços negociados em contratos entre inquilinos e proprietários, e não os valores de anúncios de aluguéis, como em outras pesquisas.
Em janeiro, esse índice subiu 2,30%, puxado pelas altas de preços de minério de ferro, com valorização de 18,26%, e soja em grãos, com 4,05%. Sozinho, o minério foi responsável por 52% da variação do IPA no mês, diz o coordenador de índices de preços do Ibre-FGV, André Braz. Esses produtos são negociados em dólar, o que favorece as exportações.