Vamos combinar, um banho longo e quentinho é uma ótima maneira de aliviar o estresse do dia a dia. A gente sai do banheiro enfumaçado se sentindo nova! Acontece que a pele pode não achar a experiência tão agradável assim, podendo ficar avermelhada, ressecada e até coçando. É preciso encontrar um equilíbrio entre um banho reconfortante e a saúde da cútis. E o segredo está na temperatura certa da água.
“Tomar banhos mais quentes promove ou piora o ressecamento da pele. Esse hábito pode ser inadequado, sobretudo no verão”, alerta Franklin Veríssimo, médico de Fortaleza pós-graduado em Laser, Cosmiatria e Procedimentos pelo Hospital Albert Einstein-SP.
Evitar temperaturas escaldantes é importante porque elas podem comprometer a barreira de umidade da pele, o que afeta sua aparência. A barreira cutânea é composta por proteínas e lipídeos que evitam que a água evapore, nos protegendo das agressões externas. Esse sistema é uma das nossas primeiras linhas de defesa contra infecções e poluição.
A água quente irrita a superfície da pele de várias maneiras, causando inclusive inflamação. “A pele fica mais seca e suscetível a dermatoses como psoríase, dermatite atópica, dermatite seborreica, rosácea e aos fungos e bactérias patogênicos. O simples fato de a pele estar ressecada já propicia o desenvolvimento de prurido intenso (coceira). Isso ocorre tanto no corpo quanto na face”, alerta a dermatologista Dra. Ana Paula Fucci, Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
Além disso, o “banho sauna” pode lavar a oleosidade natural da pele, que é tão importante para reter a umidade. “Quanto mais morno ou frio for o banho, melhor: a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia recomenda temperaturas entre 27 e 30 ºC”, afirma a dermatologista Fabiana Seidl, do Rio de Janeiro, membro da SBD.
A boa notícia é que com a temperatura adequada, o banho não precisa ser tão rápido assim. “As recomendações mais atuais preconizam um tempo que varia de 5 a 10 minutos, deixando para aplicar o sabonete apenas no final do banho e em pouca quantidade”, continua a dermatologista.
“Em relação aos cabelos, por exemplo, o ideal é manter a temperatura ambiente, de 22 graus, o que é considerado frio pelo corpo”, diz a dermatologista Adriana Salgado, da Clínica ASLC, em São Paulo. “E o ideal é ficar três minutos sob a água. Após esse tempo, os cabelos se tornam mais frágeis”, avisa.
Sabonetes mais gentis.
Uma rotina de limpeza adequada é tão importante quanto a temperatura do banho quando se trata de uma pele saudável e hidratada.
Sabonetes agressivos podem ressecar a pele, removendo sua oleosidade natural e bactérias saudáveis -eles removem sebo e sujeira, mas têm um pH alto, entre 9 a 10, que é muito mais alto do que o pH natural da pele, em torno de 5,4. Por causa dessa diferença, a barreira da pele é rompida. Por isso, procure produtos de limpeza suave e com pH balanceado, próximo ao da pele (5,5-7).
“Prefira sabonetes menos agressivos, como loções ou óleos de limpeza”, sugere Adriana. Outra atitude inteligente é evitar esfoliação da pele no verão.
Depois do chuveiro.
Anote aí: quando você sai do chuveiro, tem três minutos para aplicar hidratante. Ainda úmida, a pele absorve melhor os ativos dos produtos, sejam eles umectantes (que atraem água para a superfície da pele, como ácido hialurônico e glicerina) ou emolientes, que retêm água na pele, como as manteigas.
Após o banho em temperaturas mais elevadas, há uma quebra na função de barreira e das propriedades da pele.
“Áreas como cotovelos, joelhos e pés podem até mesmo apresentar rachaduras, sendo necessária hidratação especial”, recomenda Franklin. “Os óleos de banho são excelentes, pois ajudam a lubrificar a pele, auxiliando no fortalecimento do manto lipídico. Porém, é importante lembrar que o seu uso não substitui a hidratação com cremes após o banho.”
Fonte: Karina Hollo / Folhapress